5 de junho de 2011

Crítica: X-Men – Primeira Classe – Lucas Kurz



Sinopse: Anos 60. Charles Xavier (James McAvoy) é formado em teologia e filosofia e realiza um trabalho de pós-graduação junto às Nações Unidas. Na univesidade de Oxford ele conhece Erik Lehnsherr (Michael Fassbender), filho de judeus que foram assassinados pelos nazistas durante a 2ª Guerra Mundial. Erik apenas escapou graças ao seu poder mutante de controlar metais, que permitiu que fugisse para a França. Ao término da guerra, Erik passou a trabalhar como intérprete para a inteligência britânica, ajudando judeus a irem para um país recém-fundado, hoje chamado Israel. Charles e Erik logo se tornam bons amigos, mantendo um respeito mútuo pela inteligência e ideais do outro. Em 1965, Charles decide usar seus poderes psíquicos para ensinar jovens alunos mutantes a usarem seus dons para fins pacíficos. Nasce a Escola para Jovens Superdotados, gerenciada pelos dois amigos.


Inserido no contexto das guerras mundiais e questões como desigualdade, racismo e preconceito, X-Men – Primeira Classe busca explorar o início das sociedades de mutantes e suas motivações, seja pela soberania dos mutantes sobre os humanos normais ou pela igualdade entre eles, e mostrar de forma lacônica a forma como a sociedade funciona a respeito das diferenças, inserindo os mutantes como fundamento das teorias, e como seria se eles realmente existissem.

Esses debates que ocorrem ao longo do filme, geralmente bem explorados, alimentam-no dramaticamente, e apesar disso é ao mesmo tempo um filme leve e divertido. A verdade é que é um ótimo assunto a ser explorado, e a história que nele se enraíza também é bem elaborada, tem um clímax que realmente funciona e um desfecho que se encaixa perfeitamente no contexto, ou seja, os elementos do roteiro estão na norma da linguagem cinematográfica e ao mesmo tempo possui as características estéticas exigidas, bem como o envolvimento afetivo que faz do filme algo além de imagens.


Os personagens apresentados no filme não são aqueles rasos de sempre, que é algo comum em filmes de ação e que tem muitos efeitos especiais: aqui eles são bem desenvolvidos, psicologicamente profundos, o que faz do filme no mínimo excepcional. Algo impressionante é pensar que o longa, apesar de que de maior duração que a maioria, desenvolve bem os personagens e a ação de forma notável, e consegue finalizar proveitosamente todos os núcleos propostos, não usando a trama apenas como desculpa para jogar na cara do espectador todos os efeitos visuais que os produtores podem financiar, mas equilibra esses aspectos de forma perfeita.

Os atores se saíram muito bem nesse filme, principalmente Michael Fassbender (Magneto) e James McAvoy (Professor Xavier), que são em grande parte responsáveis pela profundidade dos personagens e pela relação emocional que é estabelecida com o público. No filme conhecemos melhor as histórias destes personagens, não só sobre as experiências de vida de cada um, mas a sua relação de amizade.

O vilão principal, Sebastian Shaw (Kevin Bacon), é um estereótipo de vilões de histórias em quadrinhos, e se encaixa bem na história, sendo ele mais um detalhe exclusivamente bem talhado, um personagem que proporciona ao filme uma estilística de referência não só aos quadrinhos, mas aos agora tão comuns filmes inspirados em quadrinhos, que praticamente já se tornaram um gênero fílmico.


Num roteiro estritamente único, X-Men – Primeira Classe consegue a proeza de manter todos os núcleos de personagens em constante evolução, sobriamente desenvolvidos e detalhadamente concisos, e consegue também abordar inúmeros temas menos pessoais, como o cenário mundial, consegue utilizar várias linguagens de cinema em um único filme sem que haja conflitos entre elas, ou seja, é um roteiro extremamente raro e nota 10.

X-Men – Primeira Classe é um filme inteligente, divertido, e apesar de ser de fácil compreensão é um filme que surpreende e excede as expectativas no que diz respeito a conteúdo e montagem ideológica.

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